sexta-feira, 4 de novembro de 2011

ESTADOS DE PAZ E SILÊNCIO


Num conflito, de qualquer tipo e em qualquer nível que se dê, não há vencedores. Na verdade, onde há luta, opressão e jogo de forças não pode haver vitória. Por não cultivar realmente a paz, o ser humano ignora as leis da vida superior e, pouco a pouco, constrói obstáculos que posteriormente terá de remover para alcançá-la.

Os estados de ânimo possíveis ao homem têm origem em diferentes níveis de energia; vinculam-se, portanto, a planos de consciência distintos. Um estado de ira, por exemplo, provém das mais densas esferas da existência e é alimentado por forças retrógradas.

Por outro lado, estados de paz e de silêncio exprimem energias de esferas de existência elevadas, e suas raízes mais profundas tocam a vida incorpórea e imaterial. Estes últimos, todavia, são praticamente desconhecidos da humanidade da superfície da Terra de modo geral.

Os estados de paz e de silêncio começam a instalarem-se no ser quando sua consciência se torna apta a receber emanações de níveis desprovidos de formas, níveis de pura abstração, onde movimento algum perturba a neutralidade.

No início essas emanações são nele incorporadas muito lentamente, ao longo de várias encarnações; porém, quando inicia sua trajetória ascendente, ou seja, quando o impulso evolutivo que recebe o reconduz mais rapidamente ao mundo imaterial, seu relacionamento com energias transcendentes é avivado e esse ritmo se dinamiza.

A paz está além das ações movidas por forças materiais; é um estado que em sua realidade mais profunda coloca a consciência diante da permanência e da eternidade. Não tem começo nem fim; não pode ser vinculada a nenhum lugar específico; é liberta das leis do espaço-tempo e, todavia, não é inatingível nem tão distante que não se possa conceber sua implantação na Terra.

A paz é uma aspiração íntima de muitos, mesmo dos que no mundo externo se encontram dominados por forças de conflito. Essa aspiração é sobrenatural e imanente, pois decorre da ligação de cada um com a própria realidade interna, ligação que sempre existe, mesmo que inconsciente, pois sem ela a vida não poderia manifestar-se.

À paz não se chega por meios de embates e lutas. O caminho para alcançá-la é o da renúncia ao uso das forças de atrito, o que inclui a percepção da unidade com mundos internos que, como degraus, vão sendo galgados até que a consciência se aproxima do que não tem forma, do que não pode ser definido nem descrito com palavras.

É algo que já não move os sentidos nem se lhes revela por meio da linguagem que estão acostumados a compreender; é um estado que os eleva sem os excitar, que os vivifica sem os instigar a agir como sempre o fizeram.

Quando a ampliação desse estado toca a consciência, desaparece do ser o sentido de desligamento da fonte de vida, sentido que quase todos os homens experienciam e que é para eles motivo de insegurança.

O Absoluto torna-se-lhes mais claramente presente e por isso a essência oculta da vida faz-se mais próxima. Esse estado auxilia a elevação da vida humana, e é premente que aflore na superfície da Terra.

Diz a Hierarquia: Acima do burburinho e da agitação do mundo, mas próximos aos que os buscam, estão a paz e o silêncio, como portas abertas a uma realidade que deverá ser pelo homem alcançada.

José Trigueirinho Neto é escritor e filósofo espiritualista - www.irdin.org

Fonte:  O POVO Online/OPOVO/Espiritualidade

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